Soneto XXVIII [tradução]
A beira branca da onda vem e chia enfim
Por sobre a areia escura. Vejo isso, mas sonho.
Decerto o que é real não pode ser assim,
Tudo isso, de algum modo, é um blefe risonho.
O céu, o mar, a vastidão da paisagem —
Feliz afora —, o senso da vida afinal,
Não é senão algo interposto na miragem.
Só o que nisso não é isso é que é real.
Se este haver sensação e se este estar desperto
For senão luminoso cochilar das cousas,
Em pensar da verdade chega-se mais perto,
Meus devaneios me descrevem mais que as lousas.
Que o sonho se decante, este erro tão diverso,
Sono em comum entre nós homens, o universo.
01 Fev 2024