Quando abro os olhos, sempre espero luz. Nas noites mais sombrias, refaço o gesto e me vejo num breu inda maior do que antes. Sei que algo quer se mostrar para mim mesmo em plena escuridão, mas encontra o meu olhar cego.

O homem sempre temeu a escuridão,
Então abriu o seu caminho a fogo.
A tocha esplende o túnel, teto ao chão,
E o claro-escuro não é mais que um jogo.

No fim a chama se apagou lá fora,
A brisa mata a luz com seu açoite.
O céu de estrelas treme, se estertora
No ermo gelado e místico da noite.

Depois sentou-se dentre uma alameda.
A treva plena viu cegar-lhe em tudo.
Ali já se esquecera a labareda,
Só teve então o assentimento mudo.