Soneto da Razão

Não quero o brilho das epifanias
Nem a constância estéril que nos mata.
Quero sentir passar meus próprios dias
Numa alegria próspera e pacata.

O azul do céu, do verde as pradarias,
No manso anoitecer que o olhar dilata.
Trabalho certo, algumas fantasias.
Gostar da vida, mas julgá-la ingrata.

No calor da mulher ver o sereno.
No do sol a manhã; e, sendo honesto,
Querer que dure mais o mais ameno.

Se faço bem a tudo que me presto,
Ao perscrutar o entendimento pleno
Como é que não entenderei o resto?