Soneto do Olheiro ou A bola contra o sol

Na quadra embranquecida pelo sol,
Ou quando não em ruas e em vielas,
A bola corre, batem-se canelas,
O piso arranha feito pó cerol

Pequenos pés descalços. Futebol
Que quebra portas, trancas e janelas.
As senhoras reclamam, porém elas
Nada podem até o pôr-do-sol.

Correndo, querem eles o gramado;
Mas o macio da grama tem seu preço.
Vejam só o menino, se observado:

Isola a bola, e gira num tropeço
Que, rebatendo pelo chão, o induz:
A ver a bola em seu clarão de luz.