Raiz da Seca

Curvado, o agricultor com sua enxada
Arranha a terra, e o cabo arranha a mão.
Em cada lote forma a terra arada,
Em cada sulco salta-lhe um vergão.

Calcina a dor ardente na alvorada.
As linhas tortas destas palmas são
Espessas, como a várzea entremeada,
Que é sempre um mau agouro no Sertão.

Trabalhar tanto p'ra tão pouca ceia.
O grão, sob o relevo que ele sova,
Ao vir da mão que ao salpicar semeia,

Granjeia viço, cresce e se renova.
A mesma vida salta veia a veia,
Até que ela o desove numa cova.