Mar

Lá vou boiando eu, mísero precito,
Guiado apenas por a luz de um astro.
Tento ver o horizonte pelo mastro,
Mas a altura me rende o olhar finito:

Espumas ao luar em níveo atrito
oscilam, piso vivo de alabastro.
A embarcação desmancha em V um rastro
E a pálpebra dos olhos eu constrito.

Tarefa dura essa de ver o mundo
Inteiro, abrindo o véu das aparências,
Se apenas vejo os símbolos da Cousa.

No pouco do que sei eu me aprofundo,
Buscando, neste mar de contingências,
O Reino em que Ele habita e, só, repousa.