Íntimo

Eles, de olhos crispados por centelhas,
De passos leves sobre o duro chão,
Escalam casas de subúrbio e vão.
As silhuetas sobem pelas telhas.

Seus degraus são cerâmicas vermelhas.
Tantos mais de amianto. Sem visão,
Não se sabe de longe o que é que são;
À noite olhos espiam por olheiras...

Não tentes roubar deles seus segredos,
Ao agarrar-lhe o vulto, te mutilas.
A mente pára e pousa nos lajedos.

Duas formas iguais tu assimilas:
As feridas de garra nos teus dedos
E o risco dilatado nas pupilas.