Um dia em Quaresmeiras Roxas

Puxado pelo pé, pelo joelho,
O filho sai da mãe todo vermelho.
O sol, berrante, do horizonte nasce;
Mas primeiro lhe surge a luz da face.

A folhagem rosácea dos ipês
Desaparece contra a cor da aurora.
Da lagoa, os flamingos vão embora,
Orlando os tons de rosa com rosês.

Na praça, o dia corre devagar
Enquanto o Orlando espera num banquinho
O Barão e a galera lá chegar.
Imagina que estejam a caminho.

O céu aos poucos perde a luz de novo.
O Orlando volta ao lar, franzindo a testa
E o surpreendem co'uma grande festa:
Sua mãe, o Barão e todo povo.

Último brilho que no olhar acende
À espera de uma força que o transcende,
Soslaio no caixão por entre a tampa.
O sol, cansado, estira-se na campa.