Thomas Taylor diz numa de suas introduções que, ao dar a definição de figura a Mênon como o limite dos corpos sólidos, Sócrates já está analogamente explicando que a virtude é o limite intelectual das coisas na mente e o prático na vida. Ao dizer que a cor é a emanação proporcional à visão destas superfícies limitadas, ele traça um paralelo com a própria virtude, que é a cor das ações humanas. É tão natural perceber a virtude pela mente quanto a cor pelos olhos.
Também em Mênon fica bem claro que a partir da teoria da reminiscência, segundo a qual todo conhecimento não é senão lembrança de algo já sabido desde tempos imemoriais, é impossível afirmar que a alma esteja submetida ao paradoxo do aprendiz. A seguinte formulação, portanto, só pode estar errada: é inútil investigar as coisas porque, sabendo-se o que se quer investigar, não é preciso indagar-se, pois já se conhece a coisa; e, não se conhecendo aquilo que se vai investigar, não é possível descobrir o objeto investigado, por ser desconhecido. Esse raciocínio que induz à indolência intelectual só pode ser um erro, pois a alma tem origem divina e já conheceu tudo. Basta, portanto, reconhecer aquilo que foi esquecido através de uma investigação adequada.
Em Mênon, Sócrates demonstra à personagem do título como todo conhecimento é reminiscência por uma série de perguntas de geometria a um escravo iletrado. A condição do interlocutor de Sócrates serve para nos mostrar que ele não foi instruído em nada do que dirá no diálogo. Primeiro, Sócrates faz um quadrado e questiona o garoto acerca daquela figura até ele afirmar que, para criar um quadrado duas vezes maior, é só fazer um quadrado com linhas duas vezes maior. Sócrates o questiona um pouco mais, e então o garoto percebe que um quadrado com linhas duas vezes maior, contra sua intuição inicial, forma uma figura quatro vezes maior. Só depois que o garoto percebe a aporia da sua primeira afirmação, só depois de se contradizer é que ele obtém as condições para entender o verdadeiro método para o objetivo: uma vez que se tenha um quadrado quatro vezes maior que o primeiro, produto de um erro no diálogo ilustrativo de Platão, faz-se um cruz no centro dividindo o plano maior em quatro quadrados no tamanho do original, e após isso desenha-se diagonais dividindo cada um dos quadrados em dois. A conclusão é o quadrado que se queria no início, duas vezes maior que o primeiro. A aporia, isto é, a percepção de uma incongruência no meio da investigação, foi e é um passo essencial para a rememoração do conhecimento esquecido.
Essa noção é vital para entender um dos diálogos platônicos mais importantes, já que a terceira parte de Parmênides é a demonstração de um exercício dialético insolúvel que seu homônimo apresenta a Aristóteles (não aquele que a gente conhece como o maior discípulo de Platão, na época retratada ele nem tinha nascido). 8 argumentos são levantados, 4 afirmando que o Uno é, outros 4 que o Uno não é. Pode-se dividi-los em 4 pares: o primeiro trata do Uno se o Uno é, o segundo trata de o-que-não-é-o-Uno se o Uno é, o terceiro trata do Uno se o Uno não é e o quarto trata de o-que-não-é-o-Uno se o Uno não é. Cada um desses pares, em suas próprias conclusões, contradiz as alheias. Parmênides resume os 8 argumentos assim:
"Então parece que, haja Uno ou não, tanto ele quanto as coisas diferentes dele, tanto em relação a eles próprios quanto em relação uns aos outros, todos, de todas as maneiras, ambos são e não são, ambos aparecem e não aparecem."
Ao que Sócrates responde: "Concordo."
É essa aporia que vai permitir ao Sócrates posterior (neste diálogo ele é retratado como ainda muito jovem para o exercício pleno da filosofia) formular com maior clareza a teoria das Formas, sem que não haja mais uma contradição aparente entre a sua teoria das Formas e a presença do Uno como fundamento de tudo.
O quadrado aporístico do escravo de Mênon, guiado por Sócrates, é feito de quatro linhas multiplicadas por dois; o exercício argumentativo de Aristóteles, guiado por Parmênides, é feito de quatro pares de argumentos.
Além da sua introdução a Mênon, Thomas Taylor trata na outra — a Fédon — dos quatro modos de conhecimento que podemos adquirir na vida presente. O primeiro deles resulta da opinião verdadeira, pela qual aprendemos o que uma coisa é, sem saber o porquê: isso constitui aquela parte do conhecimento que foi chamada por Aristóteles e Platão de erudição e consiste em instruções morais, com o propósito de nos purificarmos de paixões imoderadas. O segundo é produzido pelas ciências nas quais, estabelecendo certos princípios como hipóteses, nós deduzimos as conclusões necessárias e chegamos no porquê (como nas ciências matemáticas). Contudo, ainda assim ignoramos os princípios dessas conclusões, porque eles são meramente hipotéticos. O terceiro modo de conhecimento é resultado da dialética de Platão, em que, por uma progressão através de todas as ideias, chegamos ao princípio primeiro das coisas e àquele conhecimento que já não é mais hipotético. A ele se chega dividindo algumas coisas e analisando outras, produzindo muitas coisas a partir de uma, e uma a partir de muitas. Mas a quarta espécie é ainda mais simples, porque já não usa análises ou composições, definições ou demonstrações, mas por uma energia simples e evidente do intelecto especula as próprias coisas, e por intuição e contato torna-se uma com o objeto da sua percepção. Esta energia é a razão divinal de que fala Platão em Fedro e que em muito transcende a evidência da mais celeste das revelações, pois esta última não é, na melhor das hipóteses, senão fundada na opinião verdadeira, enquanto que a primeira supera mesmo a certeza indubitável da ciência.
O exercício proposto por Parmênides a Sócrates é um conselho para que ele pratique o terceiro modo de conhecimento, com a intenção de que alcance o quarto.