De tanto repetir e ter ouvido
Os poemas da minha juventude,
Me saiu deles tudo o que ler pude:
Extraí deles o íntimo sentido.

Já não escuto através de outro ouvido,
Nem projeção fugaz por mim me ilude.
Puro raio de luz, que — em amplitude —
É sol, é meu olhar, e o que é unido.

Assim, livre de toda nostalgia,
Esquecido da letra que os detalha,
É possível que eu nunca mais os cante.

Mas não importa, visto que a alegria
É perceber que onde a memória falha
O coração palpita a cada instante.