A chegada
Feito quem andasse sem pensar no mundo,
eu lia e caminhava sobre a grama da praça, entre árvores
e sombras retalhadas, na mansa tardezinha que sempre peço a Deus,
ao que discerni,
nos limiares da visão,
uma mulher desconhecida se escondendo de mim —
castanhos os olhos e o cabelo.
No que se espantou de perceber que eu a percebia me seguindo,
sabe-se lá desde quando,
aproveitei e fui me aproximando
para ver que a beleza do semblante lhe disfarçava qualquer culpa
junto à expressão afetuosa que
apresentava deliberada e enigmaticamente
e não me comoveu pelo que tinha de verdadeiro em seu sorriso ameno,
e nem me fez estranhar pelo que era flagrantemente faceirice.
Antes que eu pudesse lhe indagar quem era,
ou por que me seguia,
ela perguntou o que eu lia e tomou a Crítica de mim.
Estando a Noumena desprevenida,
eu a beijei ali mesmo. Seus braços de mocinha apaixonada foram pouco a pouco soltando o livro
até cair na poça d´água ao lado.
01 Fev 2024